Ferramentas fisioterápicas reduzem disfunções motoras e atuam nas alterações do processo de cicatrização
Otimizar o processo de cicatrização, controlar edemas e tratar a dor são alguns dos benefícios do tratamento fisioterápico no pós-cirúrgico de pacientes. Esse é um dos serviços oferecidos pela Fisioterapia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). O setor atende quase 400 usuários todos os meses.
A paciente Solange da Silva é uma das beneficiadas com o serviço de Fisioterapia pós-operatória. Ela iniciou o tratamento contra um câncer de mama em abril de 2022, passou pela quimioterapia e retirou uma das mamas.
Como é possível em cirurgias, Solange apresentou intercorrências após o procedimento: dificuldade de cicatrização, processo inflamatório, edema na região, pequena deiscência cicatricial (abertura espontânea dos pontos cirúrgicos) e dor.
A paciente poderia ser submetida a uma nova cirurgia, com o objetivo de higienizar a ferida operatória. Foi quando o serviço de Fisioterapia foi acionado.
“É muito importante que o hospital oncológico atue de forma multidisciplinar, com o contato entre médico, fisioterapeuta, nutricionista, enfermeiro, serviço social, psicólogo e demais profissionais. A comunicação é fundamental para a melhor recuperação do paciente”, disse Gerson Mourão, mastologista e diretor-presidente da FCecon.
Ferramentas
Dentre os principais recursos de tratamento nas disfunções após cirurgias, a Fisioterapia da FCecon utiliza o taping linfático, laserterapia, drenagem linfática e terapias manuais.
A utilização das ferramentas exige que o profissional seja capacitado para avaliar e saber indicar a melhor técnica, de acordo com a fase de cicatrização e manifestações clínicas, destaca a chefe do serviço de Fisioterapia da FCecon, Patricia Chagas.
“Com essa intervenção, nós conseguimos otimizar o processo de cicatrização, tratar a dor e reduzir as chances de uma reabordagem cirúrgica, como ocorreu no caso da paciente Solange. Ela poderia ser submetida a uma cirurgia higiênica para limpar a ferida cirúrgica, de acordo com o cirurgião mastologista, e a fisioterapia foi promissora desde o primeiro atendimento, não se fazendo necessário nova reabordagem cirúrgica”, explicou Patricia.
Benefícios
A fisioterapia no pós-cirúrgico auxilia os pacientes no processo de cicatrização, no controle do edema e de equimose (manchas na pele por extravasamento de sangue), além de ser benéfico para sarar a deiscência.
Seromas, que são formados por acúmulo de líquido produzido em reação a danos nos tecidos, vasos sanguíneos e linfáticos, também são tratados pela fisioterapia pós-cirúrgica. Também se utilizam ferramentas para tratar pacientes com processos inflamatórios e infecciosos no pós-cirúrgico, juntamente com os médicos assistentes.
No caso da paciente Solange, o sistema linfático foi estimulado por meio do taping linfático, fita adesiva que auxilia nos problemas de origem circulatório-linfáticas. Houve melhora na drenagem da secreção da ferida operatória, na cicatrização e a pele da paciente está com coloração normal. Já a laserterapia auxiliou na modulação do processo inflamatório e redução da dor.
“No outro dia do atendimento, eu já estava vendo a melhora. Eu sentia muita dor na região e já não estava doendo mais. O roxo também saiu. Hoje me sinto bem. A fisioterapia na minha vida foi primordial”, afirma Solange.
Além do benefício ao paciente, que ocorre nas primeiras sessões, há economia para o hospital, pois diminui-se o custo hospitalar com insumos, medicação, internação e custo cirúrgico.
Atendimento
No ano de 2022, o serviço de Fisioterapia da FCecon realizou cerca de 25 mil procedimentos, com uma média mensal de 387 pacientes atendidos.
FOTOS: Ludmila Dias/FCecon